QUEM SÃO ELES?
Um oficial de uma
unidade de fronteira realizou um reconhecimento, em conjunto com uma patrulha
da nação amiga vizinha, em parte de sua área limítrofe.
Após o encontro e feitas as coordenações,
iniciaram-se os seis dias previstos de deslocamento. O oficial brasileiro,
GUERREIRO DE SELVA, deslocava-se à frente, orientando a equipe de navegação. Ao
contrário das cartas brancas e sem referências de posse da patrulha
estrangeira, as cartas brasileiras estavam preparadas e o homem-bússola, um
“cabo velho” da fronteira, orientava-se pelo sol, para admiração dos
estrangeiros.
Ao final da tarde pararam para o pernoite e os
brasileiros convidaram os estrangeiros para uma jantar conjunto. Era só o
primeiro dia, mas ficava claro que os convidados estavam admirados.
Era época de estiagem e não havia chovido antes e
nem durante a missão, secando os igarapés. Os COMBATENTES DE SELVA do Brasil
não passavam sede com os cipós d´água abastecendo a patrulha, técnica que não
era conhecida dos estrangeiros.
Além disso, a patrulha brasileira dividiu as cargas
igualmente entre seus membros e completava a alimentação com a obtenção de
alimentos de origem vegetal e animal. Assim, o cardápio dos “COMBATENTES DE
SELVA” era variado e mais nutritivo.
Em contrapartida, os estrangeiros carregavam o peso
de forma irregular e não queriam consumir a água obtida nos cipós devido ao
asco que sobrepujava a sede. Também se alimentavam só de rações, pois seus
organismos não estavam adaptados aos frutos e as caças obtidas. Estavam
definhando!
Na proporção que os COMBATENTES DE SELVA
BRASILEIROS chegavam ao objetivo, cada vez mais entusiasmados e fortes em um
ambiente em que se sentiam literalmente em casa, os ilustres convidados,
segundo seu próprio comandante, estavam abatidos e esperando pelo retorno.
Chegaram ao marco de destino na tarde do dia
determinado. Foi estabelecido o contato com o Brasil e informado sobre o
cumprimento da missão e que os brasileiros estavam muito bem, mas que a
patrulha amiga estava bem abatida.
Como resposta, foi acertado um lançamento de dois
fardos, pela Força Aérea Brasileira. Quando faltava pouco tempo para o
lançamento, o oficial e o sargento brasileiros, ambos “GUERRA NA SELVA”,
sentiram trepidar a “ONÇA NO CHAPÉU”...
Balizamento pronto e comunicações estabelecidas, os
fardos foram lançados no alvo! Eram dois volumes, cada um com 50 litros de água, que
foram recolhidos sob ávidos olhares da nação amiga.
Quando o oficial da patrulha estrangeira foi
informado que um dos fardos seria dele, com os olhos cheios de água, abraçou os
brasileiros como se abraçam os irmãos.
Os estrangeiros já não disfarçavam mais a admiração
pela Patrulha conduzida pelos “GUERRA NA SELVA”! Os soldados da nação amiga,
que vieram correndo para buscar a água, gritavam claramente em sua língua,
repetidas vezes: “QUEM SÃO ELES?”
GUERRA NA SELVA
Capitão PRAZERES – Instrutor do CIGS, biênio
2010/2011
Colaboração: TEN PM OE ASSIS – Guerreiro de Selva
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